Segundo publicado em O Estado de São Paulo, de hoje, "A biodiversidade do Brasil sofre de um problema semelhante ao das relíquias arqueológicas do Antigo Egito: a maior parte de seu patrimônio histórico está guardada nos armários de museus estrangeiros. Isso cria uma barreira geográfica séria para os pesquisadores da história natural brasileira, que precisam viajar longas distâncias para ter acesso aos espécimes originais da flora e fauna nacionais.
Não há como colocar um número exato, mas estima-se que mais de 75% dos principais acervos biológicos da biodiversidade brasileira estejam depositados fora do País, nos grandes museus da Europa e dos Estados Unidos. "De tudo que a humanidade acumulou sobre a fauna e a flora do Brasil, certamente menos de um quarto está no País - provavelmente, muito menos do que isso", diz o pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da Associação Memoria Naturalis (Amnat), Leandro Salles. Só o Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington, tem o mesmo número de espécimes da biodiversidade brasileira que todas as coleções biológicas do Brasil juntas (cerca de 30 milhões).
Governo e comunidade científica, portanto, estão redobrando esforços para repatriar coleções biológicas estrangeiras, ao mesmo tempo em que tentam ampliar e organizar as mantidas no Brasil - como a do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, com 8 milhões de exemplares. No fim do mês, uma comitiva da Amnat e de outras associações científicas irá à França negociar um intercâmbio com o Museu de História Natural de Paris, que detém grandes acervos de nossa fauna e flora.
A solução está sendo construída na informática. A idéia é digitalizar as coleções para que pesquisadores tenham acesso via internet (e não via avião). Há um movimento forte no mundo para que coleções biológicas sejam digitalizadas e seu conteúdo, colocado à disposição para estudo. As coleções biológicas são a matéria prima da taxonomia, a ciência que trata da identificação, descrição e classificação dos seres vivos. Elas são, literalmente, coleções de animais e plantas coletados na natureza e preservados para pesquisa. Funcionam, dessa forma, como bibliotecas do mundo natural, às quais os taxonomistas, biólogos e outros pesquisadores recorrem para o estudo das espécies.
A maior parte das coletas foi feita nos séculos 18 e 19, quando ainda não havia ciência no Brasil nem leis para regulamentar esse tipo de atividade. Muitas das expedições foram feitas com o apoio direto da Coroa. Do que foi deixado como duplicata no Brasil, muito se perdeu. Não há, portanto, nenhuma expectativa de repatriar as coleções fisicamente. Até porque, as instituições brasileiras não teriam estrutura para receber tanto material. Muitos museus e instituições científicas estão começando a digitalizar suas coleções, informatizando catálogos e fotografando espécimes. Uma das maiores iniciativas nesse sentido é o Global Biodiversity Information Facility (GBIF), um fundo internacional criado em 2001 para incentivar a digitalização e o compartilhamento de informações sobre biodiversidade. ".
Não há como colocar um número exato, mas estima-se que mais de 75% dos principais acervos biológicos da biodiversidade brasileira estejam depositados fora do País, nos grandes museus da Europa e dos Estados Unidos. "De tudo que a humanidade acumulou sobre a fauna e a flora do Brasil, certamente menos de um quarto está no País - provavelmente, muito menos do que isso", diz o pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da Associação Memoria Naturalis (Amnat), Leandro Salles. Só o Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington, tem o mesmo número de espécimes da biodiversidade brasileira que todas as coleções biológicas do Brasil juntas (cerca de 30 milhões).
Governo e comunidade científica, portanto, estão redobrando esforços para repatriar coleções biológicas estrangeiras, ao mesmo tempo em que tentam ampliar e organizar as mantidas no Brasil - como a do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, com 8 milhões de exemplares. No fim do mês, uma comitiva da Amnat e de outras associações científicas irá à França negociar um intercâmbio com o Museu de História Natural de Paris, que detém grandes acervos de nossa fauna e flora.
A solução está sendo construída na informática. A idéia é digitalizar as coleções para que pesquisadores tenham acesso via internet (e não via avião). Há um movimento forte no mundo para que coleções biológicas sejam digitalizadas e seu conteúdo, colocado à disposição para estudo. As coleções biológicas são a matéria prima da taxonomia, a ciência que trata da identificação, descrição e classificação dos seres vivos. Elas são, literalmente, coleções de animais e plantas coletados na natureza e preservados para pesquisa. Funcionam, dessa forma, como bibliotecas do mundo natural, às quais os taxonomistas, biólogos e outros pesquisadores recorrem para o estudo das espécies.
A maior parte das coletas foi feita nos séculos 18 e 19, quando ainda não havia ciência no Brasil nem leis para regulamentar esse tipo de atividade. Muitas das expedições foram feitas com o apoio direto da Coroa. Do que foi deixado como duplicata no Brasil, muito se perdeu. Não há, portanto, nenhuma expectativa de repatriar as coleções fisicamente. Até porque, as instituições brasileiras não teriam estrutura para receber tanto material. Muitos museus e instituições científicas estão começando a digitalizar suas coleções, informatizando catálogos e fotografando espécimes. Uma das maiores iniciativas nesse sentido é o Global Biodiversity Information Facility (GBIF), um fundo internacional criado em 2001 para incentivar a digitalização e o compartilhamento de informações sobre biodiversidade. ".
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