Noticia do Le Monde, Paris, 12 de abril de 2007.
O reflorestamento pode ter efeitos perversos na luta contra o aquecimento climático. Estudo mostra que uma plantação silvícola bombeia muita água no lençol freático e provoca a salinização do solo. As árvores nem sempre são amigas dos ecossistemas - ao menos quando elas são plantadas e tratadas da maneira das grandes culturas agrícolas. Num estudo que está para ser publicado pelo "Journal of Geophysical Research" (Jornal da Pesquisa Geofísica), cientistas da universidade de San Luis, Argentina e da universidade Duke, Estados Unidos, mostram que essas plantações perturbam o ciclo hidrológico e a composição dos solos dos locais onde elas são efetuadas. Os pesquisadores estudaram durante vários anos um sítio argentino onde o ecossistema tradicional das ervas da pampa fica ao lado de uma cultura de eucaliptos. O estudo conclui que a plantação silvícola bombeia muita água no lençol freático (até a metade das precipitações anuais) e provoca uma salinização do solo (que fica 20 vezes mais salgado do que nas pradarias adjacentes). Isso confirma uma análise coletiva baseada em várias centenas de observações de plantações de árvores pelo mundo afora, publicada na revista "Science" em dezembro de 2005, ela mostrava que se, em certos casos, como no Sahel (o semi-árido norte-africano) , as árvores plantadas têm um efeito hidrológico positivo, as culturas florestais provocam em média uma diminuição de 52% do escoamento da água nos terrenos considerados. Como explicar este fenômeno? Selecionadas por causa do seu crescimento rápido, as árvores plantadas são muito exigentes em água, que elas vão buscar por meio das suas raízes mais profundamente do que as ervas diversas que elas vêm a substituir. Além disso, a interceptação da água pelo sobrecéu da floresta, em contato direto com o ar-livre, e a sua evaporação rápida impedem cerca de 20% das precipitações de alcançarem o solo. Esses estudos mostram que não se pode considerar o ciclo do carbono independentemente do ciclo da água. Os dois estão de mãos dadas. Argumenta-se em favor de uma análise ambiental preliminar, antes das plantações, ainda que o seu desenvolvimento seja estimulado pelas perspectivas de se conseguir produzir biocombustível com as árvores e pela possibilidade de se incluir as plantações nos mecanismos do protocolo de Kyoto. A quantidade de carbono aprisionado pelas árvores seria, aliás, limitada: "Nós calculamos que seria preciso plantar 44 milhões de hectares nos Estados Unidos para simplesmente reduzir as emissões de gás carbônico em 10%. Seria muito mais eficiente melhorar o rendimento energético do parque automobilístico" , garantem os cientistas. Esta discussão ocorre no momento em que a próxima lei agrícola ("Farm bill"), que será examinada pelo Congresso dos Estados Unidos no outono, poderia criar fortes incentivos a se plantar árvores.
O reflorestamento pode ter efeitos perversos na luta contra o aquecimento climático. Estudo mostra que uma plantação silvícola bombeia muita água no lençol freático e provoca a salinização do solo. As árvores nem sempre são amigas dos ecossistemas - ao menos quando elas são plantadas e tratadas da maneira das grandes culturas agrícolas. Num estudo que está para ser publicado pelo "Journal of Geophysical Research" (Jornal da Pesquisa Geofísica), cientistas da universidade de San Luis, Argentina e da universidade Duke, Estados Unidos, mostram que essas plantações perturbam o ciclo hidrológico e a composição dos solos dos locais onde elas são efetuadas. Os pesquisadores estudaram durante vários anos um sítio argentino onde o ecossistema tradicional das ervas da pampa fica ao lado de uma cultura de eucaliptos. O estudo conclui que a plantação silvícola bombeia muita água no lençol freático (até a metade das precipitações anuais) e provoca uma salinização do solo (que fica 20 vezes mais salgado do que nas pradarias adjacentes). Isso confirma uma análise coletiva baseada em várias centenas de observações de plantações de árvores pelo mundo afora, publicada na revista "Science" em dezembro de 2005, ela mostrava que se, em certos casos, como no Sahel (o semi-árido norte-africano) , as árvores plantadas têm um efeito hidrológico positivo, as culturas florestais provocam em média uma diminuição de 52% do escoamento da água nos terrenos considerados. Como explicar este fenômeno? Selecionadas por causa do seu crescimento rápido, as árvores plantadas são muito exigentes em água, que elas vão buscar por meio das suas raízes mais profundamente do que as ervas diversas que elas vêm a substituir. Além disso, a interceptação da água pelo sobrecéu da floresta, em contato direto com o ar-livre, e a sua evaporação rápida impedem cerca de 20% das precipitações de alcançarem o solo. Esses estudos mostram que não se pode considerar o ciclo do carbono independentemente do ciclo da água. Os dois estão de mãos dadas. Argumenta-se em favor de uma análise ambiental preliminar, antes das plantações, ainda que o seu desenvolvimento seja estimulado pelas perspectivas de se conseguir produzir biocombustível com as árvores e pela possibilidade de se incluir as plantações nos mecanismos do protocolo de Kyoto. A quantidade de carbono aprisionado pelas árvores seria, aliás, limitada: "Nós calculamos que seria preciso plantar 44 milhões de hectares nos Estados Unidos para simplesmente reduzir as emissões de gás carbônico em 10%. Seria muito mais eficiente melhorar o rendimento energético do parque automobilístico" , garantem os cientistas. Esta discussão ocorre no momento em que a próxima lei agrícola ("Farm bill"), que será examinada pelo Congresso dos Estados Unidos no outono, poderia criar fortes incentivos a se plantar árvores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário