sexta-feira, abril 06, 2007

"Cuba discute como melhorar eficiência da propriedade estatal"

"Economistas e outros profissionais cubanos discutiram esta semana pela primeira vez desde a revolução de 1959 alternativas para combater a 'ineficiência, o roubo e a má qualidade' dos serviços da economia socialista, segundo informou nesta sexta-feira, 6, a imprensa oficial cubana.
Desde que assumiu há oito meses o poder, em decorrência da doença de seu irmão Fidel, o presidente interino Raúl Castro estimula debates sobre os problemas da sociedade cubana.
'Encontrar novos métodos que possibilitem incrementar a eficiência econômica e acabar com a corrupção são os principais objetivos que um grupo de profissionais pretende alcançar e que pela primeira vez inicia um projeto para analisar a propriedade no país', informou o Juventude Rebelde, jornal da União de Jovens Comunistas.
O Partido Comunista cubano encarregou economistas para preparar estudos com propostas para as deficiências em vários setores. 'A propriedade socialista em Cuba enfrenta ameaças externas e internas. Para combatê-las com êxito é necessário que a ciência busque as causas dos problemas', disse durante o encontro o economista Ernesto Molina, do Instituto Superior de Relações Internacionais, de acordo com o jornal.
Recuperação
Fidel Castro, de 80 anos, apresenta melhora de uma cirurgia intestinal mas está longe das vistas do público desde julho de 2006. Nos últimos dias, Fidel publicou dois extensos textos sobre o aquecimento global e sobre os riscos dos biocombustíveis.
A criação de uma Comissão sobre as Relações da Propriedade Socialista foi anunciada em outubro de 2006 pelo Juventude Rebelde. Ao anúncio se seguiu uma série de inusuais reportagens sobre o desvio de recursos e os maus serviços nas lojas do Estado.
Para o jornal, as irregularidades do país, que busca um melhor modelo econômico, impediram o desenvolvimento dos serviços de modo a satisfazer as expectativas da população.
A economia cubana, inspirada no falido modelo comunista da União Soviética, é fortemente controlada pelo Estado, que proporciona os insumos e estabelece as rações e os preços de tudo, de uma xícara de café ao presunto dos sanduíches.
Há tempos os cubanos reclamam da qualidade dos serviços estatais, mas não em público. Alguns economistas propuseram as cooperativas como saída ou mesmo a propriedade privada, como na China, para solucionar o problema. Representantes do governo cubano se opõem à fórmula chinesa, onde o Partido Comunista abriu a economia do país à iniciativa privada mas mantém o controle político.
Enquanto os cubanos querem soluções rápidas, o Juventude Rebelde sugere paciência. 'Os primeiros resultados do amplo e complexo estudo sobre a propriedade em Cuba serão conhecidos em três anos', disse."

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