A decisão do Banco Mundial de emprestar US$ 90 milhões para financiar a expansão da pecuária na região amazônica é "um risco grave para o ambiente e para a reputação do banco". Quem diz não é uma ONG ambientalista, mas o economista Kenneth Chomitz, o maior especialista em Amazônia do próprio banco em Washington.
Em um memorando interno, dirigido a um dos diretores do Grupo Banco Mundial e "vazado" a ambientalistas antes de ser obtido pela Folha, Chomitz faz críticas à iniciativa da IFC (Corporação Financeira Internacional) - o braço do banco que financia a iniciativa privada- de conceder o dinheiro para o Grupo Bertin. A empresa é um dos principais exportadores de carne e couro do país. O empréstimo preocupa por duas razões principais: primeiro, a pecuária é o principal motor do desmatamento da floresta.
Depois, a IFC já cometeu um erro de avaliação no passado, ao conceder um empréstimo sem as devidas exigências ambientais para a expansão da soja em Mato Grosso - tendo sido repreendida pelos auditores do Banco Mundial. A lógica da instituição, respaldada também por alguns ambientalistas, é a seguinte: já que não dá para expulsar o boi da Amazônia, que ao menos ele seja produzido com critérios sustentáveis. A presença de uma empresa grande como a Bertin deve influenciar fazendeiros do local -que terão um cliente de peso e precisarão entrar na linha e regularizar seus títulos de terra, se quiserem vender a ele.
Segundo Chomitz, no entanto, a análise de risco ambiental apresentada pela IFC a representantes dos EUA antes da aprovação do projeto não sustenta essa lógica. Ela "falha em diagnosticar (...) o risco de desmatamento do projeto e é pouco (...) convincente". Os argumentos do IFC para dizer que não haverá desmatamento são a existência de um excedente de oferta de gado na região e a possibilidade de usar zootecnia para criar mais cabeças de gado por hectare." O argumento do "excedente" é incorreto e enganoso", diz o documento. "Por "excedente" o relatório [da IFC] quer dizer que boa parte da produção local de carne é vendida para abatedouros sem licença ou para fora do Estado. Essas não são vacas ociosas esperando pelas instalações da Bertin. "Ao contrário, argumenta Chomitz, a chegada de um grande comprador aumentará o preço do boi, incentivando o desmate. Além disso, diz, muitos fazendeiros de Marabá descumprem o Código Florestal, segundo o qual 80% de uma propriedade rural na Amazônia precisa ser preservada."
Fonte: Folha de São Paulo-30/04/07.
Em um memorando interno, dirigido a um dos diretores do Grupo Banco Mundial e "vazado" a ambientalistas antes de ser obtido pela Folha, Chomitz faz críticas à iniciativa da IFC (Corporação Financeira Internacional) - o braço do banco que financia a iniciativa privada- de conceder o dinheiro para o Grupo Bertin. A empresa é um dos principais exportadores de carne e couro do país. O empréstimo preocupa por duas razões principais: primeiro, a pecuária é o principal motor do desmatamento da floresta.
Depois, a IFC já cometeu um erro de avaliação no passado, ao conceder um empréstimo sem as devidas exigências ambientais para a expansão da soja em Mato Grosso - tendo sido repreendida pelos auditores do Banco Mundial. A lógica da instituição, respaldada também por alguns ambientalistas, é a seguinte: já que não dá para expulsar o boi da Amazônia, que ao menos ele seja produzido com critérios sustentáveis. A presença de uma empresa grande como a Bertin deve influenciar fazendeiros do local -que terão um cliente de peso e precisarão entrar na linha e regularizar seus títulos de terra, se quiserem vender a ele.
Segundo Chomitz, no entanto, a análise de risco ambiental apresentada pela IFC a representantes dos EUA antes da aprovação do projeto não sustenta essa lógica. Ela "falha em diagnosticar (...) o risco de desmatamento do projeto e é pouco (...) convincente". Os argumentos do IFC para dizer que não haverá desmatamento são a existência de um excedente de oferta de gado na região e a possibilidade de usar zootecnia para criar mais cabeças de gado por hectare." O argumento do "excedente" é incorreto e enganoso", diz o documento. "Por "excedente" o relatório [da IFC] quer dizer que boa parte da produção local de carne é vendida para abatedouros sem licença ou para fora do Estado. Essas não são vacas ociosas esperando pelas instalações da Bertin. "Ao contrário, argumenta Chomitz, a chegada de um grande comprador aumentará o preço do boi, incentivando o desmate. Além disso, diz, muitos fazendeiros de Marabá descumprem o Código Florestal, segundo o qual 80% de uma propriedade rural na Amazônia precisa ser preservada."
Fonte: Folha de São Paulo-30/04/07.
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