"Estudo diz  que agrobusiness não resolve  problema da fome e  que adoção de práticas ambientais na agricultura  pode dobrar produção.
 A produção agrícola baseada em padrões industriais e alimentos  exportáveis (commodities) não colabora para combater a fome em vários  países em desenvolvimento e frequentemente resulta em degradação  ambiental, afirma um artigo publicado pelo CIP-CI (Centro Internacional de  Políticas para o Crescimento Inclusivo), um órgão do PNUD em  parceria com o governo brasileiro. Os autores do estudo defendem uma  mudança de modelo, com incentivo para o que chamam de agricultura  sustentável — baseada no conhecimento local e em técnicas de  preservação.
 “Este pode ser um momento oportuno para rever os métodos tradicionais  da  'revolução verde', como subsídios a fertilizantes e pesticidas, e  explorar alternativas sustentáveis e de baixo custo que ajudem a  conservar os recursos hídricos e da terra", defendem os  pesquisadores  Tuya Altangerel, do Escritório de Políticas para o Desenvolvimento, do  PNUD, e o pesquisador Fernando Henao, da Universidade de Nova York, no  texto Agricultura Sustentável: Uma saída  para a pobreza de comida.
 "A produção agrícola industrializada e a transformação de itens da  cesta  básica em commodities não ajudaram a aumentar o consumo de alimentos em  muitos países em desenvolvimento, principalmente entre importadores de  alimentos", afirmam os estudiosos. Já as práticas sustentáveis “são mais  eficientes em desenvolver um sistema de produção resistente”.
 Eles citam uma pesquisa feita com 12 milhões de pequenos  produtores em 57 países em desenvolvimento, segundo a qual os  lavradores que adotaram práticas sustentáveis — como gestão integrada de  nutrição e pragas, armazenamento de água de chuva e cultivo mínimo do  solo — viram a safra crescer, em média, 79%. O maior salto (mais de  120%) ocorreu em pequenas propriedades irrigadas e jardins urbanos e  hortas.
 “Métodos de conservação, incluindo agricultura orgânica, podem  atingir  safra comparáveis às da agricultura industrial. Sustentadas ao longo do  tempo, também geram lucros maiores e reduzem drasticamente o uso de  pesticidas convencionais”, escrevem Tuya e Henao. Além disso, eles  afirmam que as práticas sustentáveis asseguram ganhos ambientais e  aumentam o valor nutricional dos alimentos.
 No entanto, não é um caminho fácil. Adotar a agricultura sustentável  requer intensa cooperação e construção de conhecimento em nível local.  “Apesar de, inicialmente, isso poder elevar os custos, o lucro  líquido  em médio prazo ainda é maior do que na produção agrícola  industrializada, principalmente se benefícios adicionais forem levados  em consideração — como dinâmicas sociais fortalecidas, gerenciamento de  recursos naturais locais e autossuficiência alimentar", ressaltam.
 Na prática, seguir princípios sustentáveis pode ajudar as 100 milhões de  pessoas que foram jogadas no universo da fome, em 2008, devido à crise  econômica mundial. Os pesquisadores também veem um impacto positivo na  vida de mulheres que comandam pequenas propriedades rurais, já que a  adoção da agricultura sustentável pode melhorar o uso da terra em longo  prazo, assim como a qualidade da alimentação da família". 
Imagem e Notícia publicada pela PNUD Brasil - reportagem de Daniele Brant, da PrimaPagina (hiperligações já constantes no texto).

 
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